quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Jornalismo Popular


A autora Márcia Franz Amaral, apresenta um jornalismo especializado voltado à maioria da população, o jornalismo popular que é muito comparado ao sensacionalismo, esse tipo de jornalismo é voltado para as classes populares onde é utilizada uma linguagem chula. Os meios de comunicação usam esses tipos produtos para conseguir audiência, portanto abusando do sensacionalismo e confundindo o conceito de popular, expondo pessoas fazendo com que as mesmas passem por momentos grotesco na mídia, ao contrário do sensacionalismo, o popular é consumido no mercado por ser um jornal barato, com uma linguagem direta, clara e de fácil entendimento, com publicidades voltadas para o público, deste modo sendo acessível para o alvo. Para a autora “jornalismo” de fato poderia ser o termo utilizado para assim obter qualidade e aperfeiçoamento.
No livro “Espreme que sai sangue” do jornalista Danilo Angrimani, o sensacionalismo teve início no século XIX na França, faziam sucesso por contar histórias de calamidades e crianças violentadas, os jornais populares na época eram conhecidos como “canards” que significava conto absurdo ou fato não verídico. Os primeiros foram os Gazette de France e Nouvelles Ordinaires, que seguiam o sensacionalismo e traziam informações que agradavam a todos. Nos estados unidos o primeiro surgiu em 1690, e já possuía características sensacionalistas, no final do século XIX o sensacionalismo se efetivou com os surgimentos de vários aprimoramentos desde técnicas de impressão ao aparecimento de recursos para a cativar leitores, o telégrafo impactou porque consolidou as noticias do dia ajudando em sua publicação.
Jornais que eram limitados a um assunto como política, passam a tratar de temas do interesse da população, o jornal slogam ou o penny (penny press) eram uns exemplos de jornais que tratavam de todos os assuntos de interesse humano. Os jornais tradicionais foram substituídos por noticias do cotidiano do leitor, jornais americanos foram acusados de “lepra moral” por noticiar histórias banais. Os jornais New York World e o morning jounarl foram o padrão do jornalismo sensacionalista, com preços baixos e falsas noticias, New York World que era dirigido por Pulitzer que foi também o grande inspirador do grande prêmio de jornalismo, Pulitzer liderou as vendas de 15 mil para 250 mil, sem dispensar a publicação de vários escândalos.
No decorrer do texto a autora expõe várias passagens do jornalismo popular época de Pulitzer, até que em 1919 surge o tablóide norte-americano Ilustrated Daily News, com características novas como imagens, historias dramatizadas e a influência do cinema que alcançou um milhão de leitores. No Brasil o sensacionalismo se introduziu através dos folhetins e nos artigos de Brito Broca que o termo começou ater repercussão, o jornalista Alberto Dines dividiu o sensacionalismo em três grupos: gráfico, lingüístico e temático.
Segundo a autora o sensacionalismo estar ligado ao escândalo, violência e que os jornais todos são sensacionalistas, mas se diferenciam por uns abordarem com mais evidência o sensacionalismo, todos buscam prender o leitor e vender seu jornal. O sensacionalismo é o excesso à exploração do extraordinário, de tal modo a desconstruir o conteúdo real dos fatos.
Os jornais populares são rotulados de mau gosto, distorções e meras mercadorias, mau gosto por publicar degradações, distorções por ser tachado de sensacionalistas e meras mercadorias pelos interesses centrais no modo de ser desta imprensa. Vários jornais marcaram história, entre eles estão: folha da noite (São Paulo, 1921) até o noticias populares (São Paulo, 2001). No noticias populares, o interesse era menos econômico comparado ao político, baseava suas vendas nas manchetes, crimes e sexo eram exagerados para que o jornal tivesse uma boa circulação.
Algumas manchetes do noticias populares, dão idéia de como era a linguagem: Nós vimos o bebê-diabo; churrasco de vagina no rodízio do sexo; aumento de merda na poupança; todo santo dia é dia de chacina; transei com Ronaldo quinta-feira. Aos poucos o leitor passou a renegar o jornal, desta forma os jornais vem descobrindo outras formas para aproximar-se da população assim utilizando outros recursos para atrair o público popular. Podemos acompanhar no capitulo seguinte.
A autora Márcia Amaral Contextualiza alguns jornais significativos desse segmento e menciona o que vem acontecendo com alguns programas televisivos populares.
No inicio do texto, Amaral discute a mudança que alguns jornais de publico popular vem sofrendo, ou seja, não estão priorizando os interesses políticos, nem apelam para o sensacionalismo. Estes estão tendo uma maior aproximação com o leitor através da prestação de serviços e pelo entretenimento.
Ela analisa alguns jornais que considera de referencia-jornais consagrados econômica e politicamente ao longo da história-que possuem prestigio e são direcionadas as classes A e B. A orientação editorial dos jornais pode ser observada pelas próprias palavras que estes usam em seu anuncio.
Um exemplo utilizado pela autora é o projeto da Folha de São Paulo que dispõe que o jornal deve primar pelo pluralismo, apartidarismo. Uma pesquisa feita sobre o jornal mostra que a maioria de seus leitores tem um grau de escolaridade e renda elevado. Já o jornal popular gaúcho tem em sua linha editorial a facilidade de leitura, interatividade, emoção e serviço, características essas destinadas a um publico com baixa escolaridade.
Após 1980, momento em que a imprensa passa por muitas transformações em que a tecnologia foi o principal fator, foram adotadas muitas estratégias de marketing para assim, cobrir os custos com equipamento. Desde então o publico deixa de ser visto apenas como leitores e passam a ser consumidores, surgindo a distribuição de brindes.
Os textos, agora são curtos, com muitas prestações de serviços e entretenimento com o objetivo de aproximar-se da camada mais baixa e transformando-se em mercadorias. Contudo, deixam de exercer o bom jornalismo para agradarem o leitor, optando por agregarem valor às noticias e reportagens e rendem-se às estratégias de marketing tal como a famosa distribuição de brindes e ênfase às fofocas televisivas.
Os jornais mais populares optam pela venda em banca, em função do baixo poder aquisitivo dos eleitores e das dificuldades de distribuição do jornal em locais distantes. Por este motivo, segundo a autora, sua circulação é mais passiva a promoções, à cobertura de determinado fato a momento esportivo.
Houve um crescimento no numero de vendas e conseqüentemente de leitores de jornal, mas é um mercado dependente de muitas variáveis, pois o jornal é um produto de alta sensibilidade em relação ao preço e a situação econômica doa país, afirma Amaral. Este crescimento dos jornais populares agitou o mercado dos brindes. Os brindes têm certo impacto na circulação dos jornais, pois com eles, parte do publico fica fiel ao jornal.
No meio do texto faz uma breve contextualização de seis principais jornais do Brasil considerados por ela. Ao analisar o jornal o dia, a autora faz uma retrospectiva da historia do jornal em termos de linha editorial. No inicio tratava de desastres, escândalos, crimes de ponto de vista dramático, cômico e trágico, apos ser adquirido por Ary carvalho, começou-se a desvincular da sua imagem populista e sanguinária, reposicionou-se com a proposta de ser um jornal popular de qualidade.
Com o tempo, o dia inovou no mercado criando edições e cadernos regionais e apostando na infografia. A autora considera um marco na imprensa por servir com exemplo para a difusão de jornais populares em varias praças do Brasil. Passou a dedicar-se preferencialmente ao publico classe b a parti de 2006. O jornal baseia-se em informação, serviço e entretenimento.
O jornal Extra tem uma força de venda grande pela estrutura da infoglobo e apoio dos sistemas de radio e televisão e a pratica de distribuição de pequenos brindes aumentou sua circulação.
O jornal Diário Gaúcho é maior do que qualquer jornal popular paulista em termos de circulação. O jornal é polêmico pelo seu assistencialismo e populismo e pelos textos pequenos. O jornal apresenta formato de tablóide.
No jornal Agora São Paulo, os textos são curtos e a linguagem direta, também utilizam recursos de brindes. Após descrever alguns jornais significativos, a autora analisa alguns tablóides e faz uma comparação dos preços de jornais das bancas e também analisa alguns programas televisivos considerados populares.
A principal característica dos programas é mostrar o lado grotesco deformando as realidades culturais, que é o caso dos programas Cadeia, Aqui Agora, Programa do Ratinho. Os programas abordavam coberturas policiais, suicídios e brigas familiares.
A autora cita três programas considerados jornalísticos pelas suas emissoras: Repórter Cidadão, Cidade Alerta e Brasil Urgente. E considere o jornalista Marcelo Rezende que por um tempo apresentou o Linha Direta, um personagem importante do jornalismo popular.
Também é feita uma analise das revistas femininas populares, com preços abusivos destinadas às mulheres da classe C que se interessam por historias dramáticas, novelas, culinárias e informações. Este capítulo nos faz descontrair o mito do sensacionalismo como sinônimo de popular.
Este capítulo fala sobre o mercado para qual o jornalismo popular trabalha, o interesse publico, o que é noticia nesse segmento, explica o por que desta impressa ser assim, e exemplifica o que é noticia. A autora quer desmistificar a idéia de jornalismo popular ser somente sensacionalista. Ela afirma que este segmento é feito para o mercado.
Segundo Alexandre Rodrigues Alves, “Com o passar dos anos, a palavra “popular” foi sendo estigmatizada como sendo algo relacionado a produtos e manifestações de baixa qualidade. Sua designação aparece como um carimbo de algo sem substancia e feito apenas para atrair a massa consumidora, sem se preocupar em acrescentar conteúdo no que é passado. Assim é na musica, na literatura, na tv e em diversas áreas culturas. No jornalismo não é diferente, mas a partir em que temos a visão critica por estarmos ligados a comunicação, temos que ao menos tentar entender as vertentes do chamado jornalismo popular. O fato concreto é que existe e sua difusão pode ser útil para as pessoas descobrirem o habito e o prazer de querer se informar cobrar melhorias em suas vidas” .
O jornalismo popular é feito para um publico com menor escolaridade e vulneráveis a publicidade, ou seja, ele vem para saciar o seu leitor, independente de como isso acontecerá, pois o seu alvo é um mercado em que não se compra o jornal apenas por comprar, e sim por interesse em tê-lo.
Os jornais de referência são segmentados em suas manchetes priorizam fatos políticos e econômicos, já os jornais populares são manchetes as noticias dramáticas e que interfiram no cotidiano das pessoas. No jornalismo de referencia o interesse do publico é verdade, credibilidade e objetividade e no popular os valores estão em sentimento, individualismo, cotidiano e subjetividade, o compromisso deste jornal é com a comunidade e abrindo espaço para a mesma.
“ O jornalismo popular tem seu valor pois dialoga com um numero expressivo de pessoas; por essa razão sua pauta deve ser variada, tratando de diversos assuntos, como cotidiano, política e utilidade pública, até chegar em temas mais amenos como esporte e variedades”. Explica a autora.
O jornalista Eduardo Yuji Yamamoto, acredita que o mercado para jornalismo popular é para todos, porem promissor para jovens jornalistas, afirma ainda que este segmento vem mudando. Ou seja, os jornais vêem o publico popular como pessoas que sofrem diretamente com a falta de compromisso político, pois são elas que utilizando o sistema único de saúde, o ensino público, a falta de segurança, e o desemprego.
O jornalismo popular, segundo Márcia Franz no capitulo IV aborda o caso: “O Penny Press Gaúcho”, o Diário Gaúcho é o jornal que apela mais incisivamente para a matriz dramática e folhetinesca. Os outros jornais populares contam com espaço maior para noticiário político, reduzido (espaço). A RBS Rede Brasil Sul edita quatro jornais no Rio Grande do Sul que são: Zero Hora, Diário Gaúcho, Pioneiro e Diário de Santa Maria. Os jornais são divididos por região (capital e interior) por classe social (AB e BC), enfoque editorial e padrão de consumo. O jornal Diário Gaúcho foi lançado em 17 de Abril de 2000. O Penny Press Gaúcho mantém o vinculo com o leitor do segmento popular. Radialistas, editores e jornalistas iniciaram em 2004 o projeto “Diário gaúcho vai ao seu bairro”, o jornal apresenta 28 paginas por dia, é colorido na capa, contra capa, página central e editoria de esportes. As informações ficam circunscritas ao campo do entretenimento e dos problemas vividos no cotidiano. O sensacionalismo policial e sanguinolento está em baixa, a espetacularização ainda é muito freqüente. A questão de noticias e reportagens mesclam-se com temáticas oriundas da tradição popular, pela diversidade que a RBS atua produções televisivas e produções radiofônicas populares. As seções e subseções são destinadas à fala do leitor vista na seção: Seu problema é nosso! Pessoas da camada popular levam historias da vida cotidiana, historias individuais, reclamações e outros. Assim os estudos realizados pela Marplan em 2003, mostram as temáticas lidas pelos eleitores do DG, sendo divertimento (82%), local (80%), policial (78%), classificados (16%), nacional (54%), econômica (42%) e editorial (37%).
O jornal mescla matrizes culturais e incorpora elementos de uma matriz dramática, até porque se trata de uma das características do cotidiano de seus leitores. Observa-se na manchete de 15/09/2001, “Nostradamos estava certo?” Uma característica percebida no jornal da subseção disquenotícia é o uso de um lead não factual. O lead é denominado de noticioso. Neste ângulo a noticia principal vai para o fim do ultimo parágrafo da informação. A fonte principal do DG, o leitor popular, suas urgências e necessidades é uma inovação, porque a fala dos populares nos jornais ajuda na forma de divulgação social ampla. Já em outros segmentos de jornais a voz do leitor é mínima. As estratégias que o DG utiliza em priorizar a voz do leitor no jornalismo popular são os casos normais que faz com que o próprio leitor leia a sua própria matéria, isto é um estimulo para o cr Jornais destinados a outros tipos de público alvo, utilizam-se do jornalismo popular para ampliarem suas tiragens. Segundo a autora Maria Franz no capítulo V, que o jornalista tem que ter um conhecimento real do público-alvo, saber suas necessidades, e escrever um texto leve. Uma linguagem que o leitor possa gostar de ler, assim, o bom jornalismo, o da imprensa popular deve ser feito longe das redações. O jornalista tem que buscar histórias que vem das ruas, tratando dos temas sociais da comunidade, e conceder a eles uma abordagem mais humana, interessante e consciente. Neste sentido para a autora, se o jornalismo conhece o publico alvo, o leitor de uma comunidade, a linguagem que ele usará no texto, mais fácil respeitando os princípios jornalísticos. Simples, didática, e linguagem próxima à população.
As mudanças na temática do ponto de vista na temática dos jornais populares
O jornalista tem que ter cuidado com: expressões, burocracia, concessões, estratégica, parlamentar, poder municipal, decreto, mandato. Essas palavras no texto do jornalismo popular desaparecem. A autora aborda diferenças como: Alexandre Bach. Editor-chefe do diário gaúcho, ‘’não existe assuntos proibidos no jornal, mais abordagens proibidas’’. Assim jornal completo com temáticas voltadas para diferentes públicos, requer uma linguagem diferenciada para cada editora. É um desafio para o jornalista que trabalha com o público popular procurar novas abordagens dos temas.
Rádios comunitários, internet, organizações não-governamentais, e movimentos sociais. Há abordagens sobre copom e selic ou quedas da taxa de juros, requer um conhecimento na área da economia, é uma linguagem voltada para o jornalismo econômico.O jornal popular não precisa abrir mão da linguagem informativa.
Para a autora Márcia, os repórteres de jornais populares têm um cotidiano mais difícil, pois as comunidades que cobrem ficam em bairros e vilas mais distantes, mas a fonte popular ajuda a explicar o seu mundo. Assim problemas vividos pelos seus leitores, as necessidades das comunidades só são publicadas nos jornais, se o jornalista tiver ligação com o meio. Então cabe ao jornalista popular estimular o papel social, cidadania para com o leitor e comunidade.
Em pesquisa realizada em 2005 pelo IBOP, foi encomendada pela associação nacional dos jornais intitulada ‘’a diferença dos jornais na vida dos brasileiros’’, segundo a pesquisa quem lê mais, fica informado, se atualiza sobre as informações notícias. A pesquisa ainda fez comparações de que o jornal é o meio de comunicação em que as pessoas mais confiam e tem grande importância na valorização das comunidades. O jornal civic e o puplic, ambos reforçam as ligações entre veículos noticiosos e os cidadãos. São questionadas, por solicitações do engajamento do profissional jornalista com projetos de assistência social benevolências e filantropias, missões que extrapola o exercício tradicional da profissão.
Neste sentido esse tipo de jornalismo condena a tendência de reduzir o leitor de um simples consumidor. O jornalismo cívico a produzir o conhecimento para a cidadania.
O jornalismo popular requer notícias de interesse do público, relatadas de maneira humanizada. Tantas preocupações do jornalista popular quanto de outros seguimentos da imprensa realizam as pautas com intuito de responsabilidades pública, e sedução do leitor. a questão de ser um jornalismo popular é vista com certo preconceito por jornalista que são especializados em outras editorias. Não que a linguagem de favelas pareçam chulas ma, o leitor da comunidade requer uma escrita de compreensão para o leitor.

Jornalismo popular?
Com característica popular para uma comunidade específica, busca a proximidade com o leitor.
O jornalismo popular alcança as necessidades do leitor?
Uma linguagem voltada para a comunidade respeitando os princípios jornalísticos.
Crescimento do profissional.

Nenhum comentário: